sexta-feira, 14 de maio de 2010

FABULOSOS "CAUSOS"



A educadora Gilda, da creche Celestina Steward, classe do Pré, contou para suas crianças o incrível "causo" de como o Joaquim Bentinho apara o nariz do cunhado e desastradamente realiza uma operação plástica cirúrgica, de Cornélio Pires*. As crianças riram e perguntaram se era verdade, achando tudo muito engraçado. Encorajada pelo sucesso, Gilda pôs-se a contar histórias que sua mãe e seu tio lhe contavam, como por exemplo esta:


"Lá pelos lados de Minas Gerais, numa cidadezinha pacata, pequena, que se chamava Uracânia, havia um casarão abandonado e como estava chovendo muito e o meo tio estava vindo do baile em plena Semana Santa, ele resolveu entrar no casarão para esperar que a chuva parasse. Então meu tio acendeu um fogo lá dentro e começou a assar uma linguiça que estava lá. Nisso ele ouviu uma voz que parecia vir do telhado dizendo:


- Eu vou cair!


E meu tio respondeu: -Cai! Aí caiu uma asa. E de novo:


-Eu vou cair!


E meu tio: Cai! Aí caiu uma perna. A voz:


- Eu vou cair


Meu tio: Cai! Aí caiu outra asa. A voz:


- Eu vou cair!


Meu tio já nervoso, diz com a voz de bravo: Ah! Cai logo de uma vez diacho que já estou nervoso...

Aí caiu um pintinho que começou a rodear a fogueira abrindo as asinhas em cima do fogo dizendo:


- Eita! Que foguinho bom! E esta linguiça parece boa hein?


Meu tio ficou um bom tempo conversando com o pintinho, o qual lhe disse que ele (meu tio) era muito corajoso, e por isso ia lhe mostrar uma coisa. E mandou que meu tio o seguisse. Entraram em um túnel escuro; não dava para ver nada. Andaram um bom tempo quando apareceu uma luz. Quando meu tio chegou perto tinha um monte de ouro que chegava a brilhar. Só que meu tio só poderia ter aquele ouro se contasse essa história para alguém corajoso o bastante como ele para ir lá. Meu tio disse que ninguém acreditou, muito menos teve coragem. Eu mesma não acreditei na história ou causo. Mas ele jurava que era verdade..."


* Cornélio Pires, nascido em Tietê em 1884, é até hoje estimado pelos tietenses; através de seus livros ajudou a divulgar a cultura paulista- o autêntico caipira, seu linguajar, seus usos e costumes


Referência Bibliográfica:

INSTITUTO C&A DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL/Creche Plan. Fabulosos "causos". Por um triz: Arte e Cultura- Atividades e Projetos Educativos, n.5, p.6, São Paulo: Paz e Terra, 1998.

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